Leitura em braille no painel

Braille: Tudo sobre o principal sistema de escrita para pessoas cegas

7/23/25

A leitura e a escrita são direitos fundamentais, e para as pessoas cegas, o Braille representa uma das principais ferramentas de inclusão e acessibilidade. Criado no século XIX, esse sistema revolucionou a forma como populações ao redor do mundo acessam informação e conquistam autonomia. Hoje, ele pode ser encontrado em livros, placas, embalagens e até mesmo em contas de luz, promovendo mais independência no dia a dia.

 

O que é o sistema Braille e como ele funciona?

O Braille é um sistema de escrita e leitura tátil formado por sinais em relevo que ampliam a acessibilidade para pessoas com deficiência visual, seja parcial ou total. Baseado em uma matriz de seis pontos, cada conjunto forma uma célula capaz de representar letras, números, símbolos e pontuações.


A leitura em Braille é feita deslizando os dedos pelas fileiras de pontos, da esquerda para a direita, identificando cada caractere. Pode-se ler com uma ou ambas as mãos, conforme a preferência do leitor. No método bimanual, cada mão percorre uma metade do parágrafo. Já no método unimanual, é preciso retornar ao meio do parágrafo antes de seguir para a linha seguinte.

A escrita em Braille, por sua vez, pode ser mais desafiadora, especialmente quando feita manualmente. Como os caracteres precisam ser impressos em relevo, utiliza-se um buril – ferramenta de aço com ponta cortante usada para gravar em metal ou madeira – para marcar os pontos. O processo ocorre da direita para a esquerda, com os símbolos invertidos, de modo que, ao virar o papel, os relevos fiquem no sentido correto da leitura. Também é de costume utilizar um reglete, uma espécie de prancha que contém as células do alfabeto. 
O uso de máquinas torna esse processo mais simples, pois elas já possuem teclas específicas e sistemas de impressão adequados ao Braille.

 

A origem do Braille

O sistema Braille foi criado por Louis Braille, um jovem francês que perdeu a visão após um acidente aos três anos de idade. Enquanto brincava na oficina do pai, feriu gravemente o olho esquerdo com uma ferramenta pontiaguda. A infecção se espalhou para o outro olho, resultando em cegueira total.

Ainda criança, Louis ingressou em uma escola especializada que adotava um método de alfabetização para alunos cegos. No entanto, o sistema era complexo e de difícil aprendizado. Em 1821, sua trajetória mudou ao conhecer Charles Barbier de La Serre, um militar que apresentou um código desenvolvido a pedido de Napoleão Bonaparte para que soldados pudessem ler ordens no escuro.

Chamado de "escrita noturna", o sistema de Barbier utilizava pontos e traços, mas não foi bem aceito pelo exército, pois era considerado difícil de decifrar. Inspirado nessa ideia, Louis dedicou-se a aprimorá-la e, em 1824, aos 15 anos, apresentou sua própria versão do método, mais eficiente e acessível.

Ele começou a ensinar seu sistema em 1826 e três anos depois publicou um livro explicando a técnica. A popularização veio a partir de 1852, tornando-se o principal método de alfabetização para cegos na França e, mais tarde, no mundo. Em 1855, o Braille foi apresentado na Exposição Internacional de Paris, consolidando-se como um marco da inclusão.

 

Como aprender a ler e escrever em Braille?

A alfabetização em Braille geralmente ocorre em escolas especializadas ou por meio de programas de inclusão educacional. As principais etapas de aprendizado envolvem a familiarização com o sistema de pontos (identificar os padrões e reconhecer os símbolos), exercícios táteis para praticar a sensibilidade dos dedos e o uso de ferramentas específicas. 

A Internet também pode ser uma grande aliada nesse processo. O Ministério da Educação disponibiliza em seu site oficial referências para a grafia Braille na língua portuguesa, assim como as normas técnicas.

 

Onde o Braille está presente no dia a dia?

 


Atualmente, o Braille pode ser encontrado em diversos locais e produtos, tornando a experiência cotidiana mais acessível para pessoas cegas. Alguns exemplos incluem:

  • Livros e materiais didáticos

Disponíveis em bibliotecas especializadas e instituições de ensino.

  • Placas de sinalização

Presentes em elevadores, transportes públicos e espaços públicos.

  • Rótulos de medicamentos e produtos

Algumas embalagens trazem informações básicas em Braille.

  • Contas de luz e serviços essenciais

Muitas concessionárias já disponibilizam faturas em Braille, garantindo autonomia na gestão financeira.

 

Conta de luz em Braille

O acesso às informações de consumo de energia é essencial para qualquer cidadão. Por isso, diversas empresas do setor elétrico, como a Neoenergia, já oferecem a opção da conta de luz em Braille.

O serviço não tem custo extra e permite que pessoas cegas consultem o valor da fatura, a data de vencimento e outros detalhes importantes de forma independente. Para fazer a solicitação e receber a conta de luz em Braille, o cliente deve se cadastrar entrando em contato por um dos canais de atendimento, como o telefone 116, ou nas agências de atendimento. A fatura será emitida no mês seguinte à leitura do consumo de energia.

 

Braille e a importância da acessibilidade e inclusão

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 6,5 milhões de brasileiros possuem deficiência visual, sendo aproximadamente 600 mil completamente cegos. Esses números reforçam a necessidade de iniciativas públicas e privadas que promovam a inclusão e acessibilidade — mas isso depende da colaboração entre empresas, instituições e o poder público. 

Garantir que o Braille continue sendo valorizado e aprimorado é um compromisso coletivo. Algumas formas de apoio incluem:

  • Dar assistência a organizações de acessibilidade: ONGs e instituições desenvolvem tecnologias assistivas e produzem livros em Braille;
  • Divulgar a importância do Braille: Sensibilizar a sociedade sobre a relevância desse sistema, contribui para sua ampla adoção;
  • Incentivar a educação inclusiva: Escolas e universidades devem oferecer materiais em Braille e capacitar profissionais para atender estudantes cegos.

Com ações como essas, é possível construir um mundo mais inclusivo, onde todas as pessoas tenham liberdade para aprender, se comunicar e participar ativamente da sociedade.

 

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