
A comunidade de Xique-Xique, no município de Remanso
(BA), será a primeira localidade onde a Neoenergia irá instalar uma microrrede
em área isolada, solução que será abastecida por sistema centralizado com
energia solar e armazenamento por baterias. A iniciativa integra um projeto
piloto que a companhia realiza para beneficiar uma área rural que ainda não é
atendida pela energia elétrica. O diferencial está no sistema de armazenamento
e no fator inovador – o mercado de microrredes é pouco explorado no Brasil. A
geração na comunidade será exclusivamente solar, com capacidade para atender
103 unidades consumidoras, e as baterias irão garantir o fornecimento por 48h,
quando não houver radiação solar suficiente para eficiência máxima pelas
placas.
Além do ineditismo dentro do programa Luz para Todos, o
projeto envolve a simulação de microrrede para avaliar a aplicação de super
capacitores – solução de armazenamento que usa uma tecnologia nova e ainda não
disseminada em atividades de campo. “A instalação será capaz de gerar dados
para que, em laboratório, seja simulada a aplicação de uma microrrede com
armazenamento com super capacitor, bem como avaliar a degradação da placa solar
em atuação no ambiente. Participam da pesquisa o LabSolar, primeiro laboratório
de estudos e certificação de sistemas de energia solar do Nordeste inaugurado pela
Neoenergia em Salvador em parceria com o Instituto de Física da Universidade
Federal da Bahia e com o governo do estado baiano”, informa
o gerente Corporativo de P&D da Neoenergia, José Antônio Brito.
O projeto, que está em fase de planejamento e tem previsão
para início da operação no primeiro semestre de 2021, utiliza recursos do
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) regulado pela Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel), integrando ainda o programa do governo
federal Luz para Todos, que visa levar eletrificação a áreas
remotas, universalizando o acesso à energia. “No momento, a Neoenergia adota
duas soluções para atender a clientes isolados: realizamos a extensão da rede
convencional ou implantamos sistemas solares individualizados. As microrredes,
com geração e armazenamento centralizados podem ser uma solução para melhorar a
eficiência e qualidade do fornecimento”, diz Débora Catão, engenheira
de Smart Grids da Neoenergia.
DIFERENCIAL DO ARMAZENAMENTO
A capacidade da microrrede desenvolvida pela Neoenergia
irá gerar uma potência de 240 kW DC/180 kW AC. Isso significa que o sistema de
geração poderá garantir um consumo médio de energia de 80kWh para as 103
residências existentes na comunidade de Xique-Xique. O sistema de
armazenamento, com capacidade útil
medida do lado AC de 928 kWh, garantirá o mesmo consumo ainda quando não houver
radiação suficiente por um período de 48h. Tanto o sol quanto o vento são
fontes de geração de energia que estão sujeitas a interferências da natureza,
por isso a importância de um sistema que armazena essa energia para momentos em
que a captação solar não seja possível. Diante disso, foi realizado um estudo
para dimensionar a demanda de energia no local, sendo instaladas baterias de
lítio em uma quantidade acima da necessária para reforçar o sistema.
“Um sistema de armazenamento apropriado permite que o
uso da energia gerada a partir da captação solar não fique restrita a um
período, pois o sistema de armazenamento é carregado durante o dia e, à noite,
fica disponível para utilização. A vantagem da microrrede também se aplica ao
fato de que nem todo mundo usa a energia ao mesmo tempo. Com isso, é possível
entregar energia com maior qualidade para quem está consumindo naquele momento”,
explica Brito.
IMPACTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS
Para a realização do projeto, também são levados em
consideração aspectos técnicos, financeiros e sociais. O investimento em
microrredes está relacionado a expectativa de que a tecnologia tenha maior
penetração no mercado, o que vai gerar redução de custos. “Já do ponto de
vista social, iremos acompanhar a estimativa de crescimento da
comunidade para saber se ela poderia ser absorvida pelo sistema e como as
pessoas irão se relacionar com a novidade, de forma a garantir o
desenvolvimento da localidade”, afirma Débora Catão.
Com a chegada da energia elétrica na área rural, é comum
observar o retorno de algumas famílias que anteriormente haviam migrado para
outras regiões, como observa Mayline Pinto, supervisora da Unidade de
Gestão do Luz Para Todos. “Temos a preocupação de pensar nos impactos
que essa implantação terá na vida das famílias, acompanhando como a comunidade
irá se comportar economicamente após ter acesso a energia elétrica. Essa também
é uma oportunidade para avaliarmos a viabilidade da instalação da microrrede de
geração solar para atender a outras localidades no mesmo modelo, expandindo a
universalização do acesso à energia elétrica”.
Existente desde 2004, o programa Luz
para Todos é uma parceria do governo federal com as distribuidoras.
Somente na Bahia, já foi responsável por mais de 650 mil ligações, levando
energia a 1 milhão e 800 mil pessoas da área rural do estado.

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