Formação vegetal de grande biodiversidade e
potencial aquífero, presente em 22% do território nacional, o
Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e também do Brasil,
atrás apenas da Amazônia. Tem como principal característica a formação de uma região
de savana, que se estende por uma área de 200 milhões de quilômetros
quadrados, começando no nordeste do Paraguai, passando pelo leste da
Bolívia e em grande parte do Brasil central.
O Cerrado limita-se
ao norte com o bioma Amazônia; a leste e nordeste, com a Caatinga; ao
sudoeste, com o Pantanal; e a sudeste, com a Mata Atlântica. A região
compreendida por essa formação vegetal apresenta altitudes que variam de
0 a 1800 metros. Essa área abrange diferentes bacias hidrográficas,
como a Bacia do Amazonas, Bacia do Tocantins, Bacia do Paraná, Bacia do
São Francisco e Bacia do Parnaíba.
Localização e Clima
No
Brasil, o bioma está presente na metade dos estados: Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí,
Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal e alguns encraves
(terreno ou território dentro do outro) no Amapá, Amazonas e Roraima.
O
clima do Cerrado apresenta duas estações bem definidas: verões chuvosos
e invernos secos. As precipitações (chuvas) tendem a ser semelhantes em
todo bioma, mas a temperatura é mais variável. Isto acontece porque o
Cerrado cobre desde superfícies inferiores a 300 metros de altitude até
as longas chapadas entre 900 e 1.600 metros, bem como áreas de
diferentes latitudes (Norte e Sul). O clima do Cerrado, segundo a classificação tradicional de Köppen,
é Tropical Chuvoso, mas ao sul, em áreas de clima mais ameno, e nas
regiões mais altas da região central, acima de 1.200 metros de altitude,
pode ocorrer o clima Tropical de Altitude. A classificação de Köppen é
adotada pelo sistema de monitoramento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Fauna e flora do Cerrado
O
Cerrado é reconhecido como a savana com maior biodiversidade do mundo,
abrigando 11.627 espécies de plantas nativas, sendo, aproximadamente,
4.400 espécies endêmicas (existentes apenas nesse bioma). A vegetação é
diversificada, variando de formas campestres, como os campos limpos, a
formações florestais densas, como os cerradões. Por causa dessa
diversificação vegetal, o bioma abriga árvores que podem alcançar até 20
metros de altura, assim como cactos e orquídeas.
Em relação à
fauna, o Cerrado destaca-se por abrigar milhares de espécies de
invertebrados, sendo que alguns estudos apontam que são quase 15 mil
tipos. Também são conhecidas 837 espécies de aves, sendo 29 delas
endêmicas; 185 espécies de répteis, das quais 24 são endêmicas; 194
espécies de mamíferos, sendo 19 delas endêmicas; e 150 anfíbios, sendo
45 endêmicos.
Preservação
O Cerrado é o segundo bioma mais ameaçado no Brasil, segundo dados da Embrapa. Isso acontece pelo desmatamento irregular para o favorecimento às atividades agrícolas. É importante ressaltar que mais de 14 milhões de pessoas vivem em áreas de Cerrado, sendo muitas delas dependem da agricultura e da pecuária para sobreviver e ajudar a economia a crescer. A expansão desordenada das atividades do campo provoca desmatamento, perda de habitats e ameaça a disponibilidade de água.
O Brasil perdeu, ao menos, 1.218.708 hectares (12.187 quilômetros quadrados) de vegetação nativa somente em 2019. Mais de 30% das áreas desmatadas estão no Cerrado, bioma já bastante impactado pelo avanço do agronegócio no Centro-Oeste, que perdeu cerca de 408,6 mil hectares, de acordo com a Map Biomas, um sistema de validação e refinamento de alertas de desmatamento.
Apesar de sua importância biológica, o Cerrado é o bioma que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção — apenas 8,21% de seu território é legalmente protegido por unidades de conservação, desse total, 2,85% são unidades de conservação de proteção integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sustentável. Outros 0,07% correspondem à Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).