Novas treinadoras no país
Para mudar essa realidade e ajudar a inserir cada vez mais a mulher na função de treinadora, a CBF lançou, em 2020, a Escola de Futebol Feminino, promovendo o curso Características do Treinamento no Futebol Feminino do Brasil.
Com aulas on-line, a atividade teve 130 inscritos em sua primeira turma e, entre os alunos, nomes como Tamires e Érika, atletas do Corinthians, e Daniela Alves, ex-jogadora da seleção brasileira e atual técnica do Corinthians sub-17.
A iniciativa busca que o futebol seja mais paritário, que inclua a todos e ajude a desenvolver o esporte também para mulheres. A introdução ao universo da gestão e do treinamento estão entre os objetivos da Escola de Futebol Feminino, e a CBF entende que o local servirá ainda como caminho para executar projetos para a modalidade dentro da CBF Academy, com cursos, debates, workshops e centros de estudo exclusivos.
A entidade deseja o desenvolvimento de profissionais que buscam ingressar no futebol feminino e com isso, segundo a Confederação, promover uma mudança de realidade. O novo processo é mais acessível para quem não têm recursos financeiros suficientes para o começo do novo caminho. Entre os professores desse primeiro curso, está a técnica da Seleção Brasileira, Pia Sundhage.
O Diretor da CBF Academy, Marco Dalpozzo ressalta a importância da participação da treinadora sueca. "A Pia acredita profundamente nessa profissionalização e com isso qualidade em campo. Ela se dedica muito e é nossa grande parceira. Ela e outras auxiliares que trabalham conosco são extremamente motivadas e nos dão conteúdo para desenvolver as aulas e toda a parte pedagógica. Temos os melhores professores e especialistas voltados para a área do feminino. Temos o privilégio de colocar junto a nata disponível para construirmos nossos programas."
O aperfeiçoamento das mulheres para seguirem a carreira no futebol é defendido pela atacante Marta, eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo.
"Eu sinto que as treinadoras de outros países têm interesse maior em estudar, em se aprimorar. Existem cursos para homens e mulheres no Brasil, porém ainda vemos que poucas estão fazendo. Queremos que outras mulheres se interessem em fazer. Você não pode ser treinadora porque foi ex-atleta. Elas precisam fazer o curso, ter a licença."

Treinadoras no cenário internacional
O panorama internacional não é o mesmo. Na Copa do Mundo de 2019, apenas 9 das 24 seleções eram comandadas por mulheres. Apesar disso, cinco delas passaram às oitavas de final. Entre as quatro seleções semifinalistas, três eram comandadas por mulheres: as duas finalistas, Holanda e Estados Unidos, além da França. A seleção brasileira contratou uma mulher, a sueca Pia Sundhage, após o torneio.
No Prêmio Fifa de melhor treinador(a) de futebol feminino no mundo, seis mulheres e três homens já ficaram no Top 3 desde 2016, ano em que a premiação teve início. O sucesso das equipes comandadas por mulheres pelo mundo reflete a profissionalização do futebol feminino nesses países. Onde a modalidade é mais consolidada e profissionalizada, há mais espaço para as treinadoras mulheres.
Uma sueca no comando da Seleção Brasileira
A técnica da Seleção Brasileira Feminina, a sueca Pia Sundhage, cresceu em uma época em que não era aceito pela sociedade que uma mulher tivesse o desejo de se tornar jogadora de futebol. Por isso, ela precisou fingir-se de menino para jogar um campeonato quando criança. Aos 17 anos, Pia começou sua trajetória como jogadora profissional e atuou como atacante no futebol sueco, conquistando a marca de 144 jogos e 71 gols pela seleção da Suécia. Em 1996, encerrou a carreira como jogadora após disputar a primeira edição dos Jogos Olímpicos da história do futebol feminino.
Como treinadora, Pia possui dois ouros olímpicos no comando da Seleção dos Estados Unidos (2008, Pequim e 2012, Londres) e uma medalha de prata à frente da Seleção da Suécia nas Olimpíadas Rio 2016. Além disso, foi eleita a melhor treinadora de futebol feminino pela Fifa em 2012.
Em julho de 2019, foi convidada para assumir a Seleção Brasileira após a eliminação na Copa do Mundo, realizada na França. A treinadora é apenas a segunda mulher a comandar a seleção feminina do Brasil, e a primeira estrangeira no cargo. A sua principal meta é conquistar o inédito ouro olímpico para o país.
Em 2019, a seleção feminina se encontrava em 10º lugar no ranking mundial da Fifa. Dois anos depois, a seleção subiu três posições, alcançando o 7º lugar no ranking. No mesmo ranking, a seleção dos Estados Unidos é a 1ª colocada e a seleção da Suécia é a 5ª, ambas já estiveram sob o comando de Pia Sundhage. Até junho de 2021, a treinadora tinha completado 18 jogos à frente da seleção brasileira, sendo 11 vitórias, 5 empates e apenas 2 derrotas.
Igualdade em Todos os Campos
A independência financeira é uma das principais formas de empoderamento das mulheres e, por isso, promover a igualdade no acesso ao mercado de trabalho é essencial. A Neoenergia integra o grupo espanhol Iberdrola e, juntas, as empresas desenvolvem um projeto que impulsiona a participação das mulheres no esporte. Atualmente, mais de 330 mil atletas são subsidiados no mundo.
“Acreditamos na igualdade em todos os campos e compartilhamos com essas jogadoras os mesmos valores como esforço, superação, profissionalismo, trabalho em equipe. Essas esportistas são o espelho em que miram muitos homens e mulheres, são exemplos para tantas outras que veem no esporte uma janela de oportunidades de mudança social. Além de ser um direito primordial, a igualdade também é um dos fundamentos essenciais para construir um mundo mais próspero para todos”, afirmou o superintendente de Comunicação da Neoenergia, Marcus de Barros Pinto.
Em 2021, a Neoenergia se tornou a primeira companhia no país a apoiar exclusivamente a Seleção Brasileira e a competição nacional de clubes. Com contrato válido pelos próximos quatro anos, o objetivo do patrocinador tem muita sinergia com o que o esporte feminino deseja há alguns anos: ampliar a participação da mulher no contexto social e profissional, aliado com a equidade de gênero e oferecendo melhores oportunidades para as atletas.