Bloco de recife com frevo

Blocos de Carnaval: como surgiram os bloquinhos de rua no Brasil

08/04/25

Conhecido como uma das festas mais populares brasileiras, o Carnaval é um momento único, onde as pessoas se reúnem para festejar e manifestar de forma livre e leve temas relevantes para a sociedade. 

Com diversos formatos, o evento se tornou um dos mais esperados do ano no Brasil, que recebe neste período pessoas de diferentes lugares e culturas para aproveitarem os incríveis desfiles de escolas de samba nos sambódromos do país, as festas em clubes e os blocos de rua, que crescem e se popularizam cada vez mais no mundo.

Mas, afinal, qual é a origem dos blocos que animam as ruas e que se tornaram símbolo e tradição do Carnaval brasileiro?
 

IMAGEM 1

A origem dos blocos de Carnaval

O entrudo, antiga festa popular de origem galaica-portuguesa, realizada nos três dias antecedentes à entrada da Quaresma, foi o que deu origem ao Carnaval no Brasil. Caracterizado por arremessos de baldes de água, ovos, farinha, limões e areia, o costume introduzido no país pelos portugueses, foi reprimido em 1854, dando lugar à festa  que hoje conhecemos.

Sem a festa de rua, a elite do Império decidiu implementar bailes mais organizados em clubes e teatros. Na ocasião, surgiu também o Congresso das Sumidades Carnavalescas, com desfiles nas ruas da capital do Rio de Janeiro, dando origem ao que mais tarde chamamos de blocos de rua, ou “bloquinhos de Carnaval”, como também são conhecidos.

No final do século XIX, surgiram, oficialmente, os primeiros blocos carnavalescos e cordões, movimentos integralmente organizados pelo povo, que se fantasiava e desfilava pelas ruas com carros e objetos decorados, tal como as procissões da Igreja, abordando temas importantes, principalmente para as camadas mais populares da sociedade. 

No século XX, apareceram as primeiras marchinhas de Carnaval, com canções como “Ô Abre Alas” e “Pierrô e Colombina”.

Durante décadas, os blocos de rua representaram uma forma de resistência ao Carnaval das escolas de samba, que tinham como marcas principais a padronização e organização, ao contrário dos bloquinhos, que tinham (e ainda tem) como principais características a espontaneidade e a popularidade, sendo realizados em locais de acesso fácil e gratuito.

Queda e ascensão dos blocos de rua no Brasil

Com o crescimento das escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo, os blocos foram perdendo espaço, mas entre 1980 e 1990, ressurgiram com força total, especialmente em Salvador, na Bahia, e Olinda, no Recife.

Nos anos 2000, São Paulo e Rio de Janeiro, que lideravam um Carnaval mais focado em desfiles de escolas de samba, viram uma explosão de blocos. Hoje, a capital paulista protagoniza um dos maiores carnavais de rua, recebendo milhões de foliões e centenas de blocos.

Blocos de Carnaval: temas e influências na música e nas fantasias

Os blocos carnavalescos de rua abordam uma diversidade de temas, refletindo questões sociais, culturais e políticas do Brasil. Promovem críticas sociais importantes com aspectos de humor irreverentes.

Personagens do folclore brasileiro, figuras históricas ou temas satíricos, como a crítica a políticos ou acontecimentos recentes, são os assuntos mais destacados pelos blocos, a começar por nomes criativos e indo além por meio de cartazes, fantasias e enredo.

Algumas canções são constantemente adaptadas e renovadas pelos foliões, tocadas como marchinhas e outros ritmos típicos de Carnaval como axé, funk, samba, frevo e maracatu. Esse é um dos diferenciais dos blocos, fazendo com que se mantenham ainda mais criativos, vibrantes e atuais.

Além disso, as fantasias dos foliões de rua têm uma relação direta com a criatividade e a liberdade. Ao contrário dos desfiles nos sambódromos, onde as fantasias são elaboradas com maior formalidade e requerem um investimento significativo, nos blocos de Carnaval as pessoas se expressam através de roupas mais descontraídas e muitas vezes improvisadas. Fantasias de personagens engraçados, criaturas fantásticas ou temas do cotidiano, como profissionais de várias áreas, é uma das marcas dos blocos de rua, mostrando como a festividade é uma oportunidade para soltar a imaginação.

Tipos de blocos

Cada vez mais surgem blocos de rua para abraçar pessoas de diferentes raças, etnias, culturas e gostos musicais. São diversos os tipos de bloquinhos no Brasil e entre os principais, destacam-se: de enredo, de embalo, lírico, de sujo, do “Fraldão” e das “Piranhas”.

Blocos pelo Brasil

O Cordão do Bola Preta foi o primeiro bloco de rua devidamente registrado no Brasil. Fundado na capital carioca, no Rio de Janeiro, em 1918, foi criado por um grupo de amigos que se vestia com roupas estampadas com bolas pretas, muito comuns nas festas carnavalescas da época.

Além dele, outros blocos marcam a história do Carnaval no Rio, como o Cacique de Ramos — que evidenciou o surgimento de sambistas importantes como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Xande de Pilares —, a Banda de Ipanema, o Sargento Pimenta, o Carmelitas, entre outros.

Os blocos, inicialmente organizados de maneira simples, começaram a atrair grandes multidões e se espalharam por diversas regiões do Brasil, ganhando força, principalmente, no Nordeste, que abriga alguns dos blocos de Carnaval de rua mais tradicionais e icônicos do país. 

IMAGEM 2

Em cidades como Salvador e Recife, os blocos de rua têm um papel central no Carnaval e são grandes símbolos da cultura local. Em Salvador, o Bloco Afro Ilê Aiyê é um dos mais importantes, representando a riqueza da cultura negra e promovendo a união entre os foliões. Já no Recife, o Galo da Madrugada é considerado o maior bloco de rua do mundo, reunindo milhões de pessoas todos os anos, com destaque para o frevo e o maracatu, ritmos tradicionais pernambucanos.

Ainda na região, se evidenciam o Olodum (Salvador, BA), o Bloco Camaleão (Salvador, BA) e o Bloco Eva (Salvador, BA).

Esses blocos de Carnaval não apenas animam as ruas, mas também promovem um profundo resgate das tradições culturais e um forte senso de identidade regional. Ao longo dos anos, se tornaram marcos da festa popular no Brasil, atraindo turistas de todas as partes do mundo e contribuindo para a afirmação da diversidade cultural do país.

Neoenergia no Carnaval de Rua: Bloco Ilê Aiyê

Em 2025, a Neoenergia se junta ao primeiro bloco afro do Brasil, o bloco Ilê Aiyê, para apoiar a diversidade e promover a inclusão social, junto ao movimento que enaltece, principalmente, a ancestralidade africana e o protagonismo das mulheres negras.

Dentre as oito iniciativas apoiadas pela Neoenergia, estão os desfiles do bloco durante o Carnaval, a Escola Mãe Hilda, que promove educação antirracista, e o projeto Band’Aiyê, que conecta a música do Ilê às novas gerações.

 

Saiba mais:

Notícias relacionadas