Pobreza menstrual: o que é e quais são as consequências?

     
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O acesso a itens básicos de higiene pessoal, incluindo menstrual, é visto como essencial pela Organização das Nações Unidas (ONU), com a criação de políticas públicas para garantir esse direito a meninas e mulheres em todo o mundo. Embora não seja a realidade, existem programas realizados por empresas e instituições para evitar ou mitigar consequências graves, ocasionadas por quem passa por essa situação, como a evasão escolar e riscos à saúde.

Para saber como combater as causas, é preciso entender o que é pobreza menstrual e como o contexto abre portas para ampliar ainda mais a desigualdade de gênero existente na sociedade.

O que é pobreza menstrual?

Pobreza menstrual é um conceito que identifica meninas e mulheres sem acesso a recursos, infraestrutura e conhecimento para que tenham plena capacidade de cuidar da sua menstruação. No Brasil, fazem parte desse grupo meninas e mulheres que vivem em condições de pobreza e vulnerabilidade, mesmo nas grandes metrópoles, privadas de acesso a serviços de saneamento, recursos para a higiene e até mesmo do conhecimento sobre o próprio corpo.

Quando as condições básicas para lidar com a menstruação são precárias ou inexistentes, menstruar acaba se tornando um fardo para mulheres e uma questão de saúde pública.


Saúde feminina: Evolução e histórico

É recorrente o total desconhecimento do assunto ou a dissociação da realidade ao pensar que o tema só é visto em países de extrema pobreza e grande precariedade. A falta de informação sobre o cuidado da saúde menstrual pode afetar mesmo as pessoas que estão em condições financeiras um pouco mais favoráveis, já que, historicamente, em algumas sociedades o absorvente pode ser visto como um produto supérfluo. Além disso, em geral, meninas de 10 a 19 anos não decidem sobre o orçamento da família, ocasionando pouca ou nenhuma renda destinada à aquisição deste produto ou outros que ajudem a garantir a dignidade menstrual.

Situação no Brasil em relação à pobreza menstrual

No Brasil, 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas, de acordo com um estudo sobre pobreza menstrual lançado no ano passado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e pelo UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas).

Outros estudos foram realizados para prever o custo médio da menstruação e o valor é alto para quem tem pouco. Se considerar o gasto em média de R$ 12,00 em absorventes descartáveis a cada mês, a soma seria equivalente a R$ 6.000,00 durante todo o período fértil de uma mulher. Neste cenário fica claro que a dignidade menstrual ainda é um privilégio na sociedade brasileira, em especial quando a escolha precisa ser feita entre comida e absorventes. Estima-se que chegue a 23% as meninas entre 15 a 17 anos sem condições financeiras para adquirir produtos seguros durante a menstruação.

Cenário mundial da pobreza menstrual

De acordo com a ONG ActionAid, em países onde a população vive em extrema pobreza a situação é alarmante. No Quênia, por exemplo, cerca de 50% das meninas em idade escolar não têm acesso a produtos de higiene menstrual. Na Índia, aproximadamente 23% das meninas param de frequentar a escola quando começam a menstruar.

No entanto, essa situação não está restrita a países em desenvolvimento. A ONG International Plan levantou dados, indicando que no Reino Unido o percentual é de 10% das meninas sem condições de adquirir esses produtos e cerca de 19% delas afirmaram que já usaram soluções improvisadas, como trapos de tecidos, jornal e papel higiênico nos dias do ciclo.

A pobreza menstrual como fomento à desigualdade de gênero

Um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Locomotiva, em conjunto com a marca de absorvente Always, aponta que no âmbito da educação cerca de 2,9 milhões de estudantes do ensino fundamental, médio ou superior já faltaram pelo menos uma vez por não terem acesso a itens de higiene menstrual. Dessas, aproximadamente 2,4 milhões já se ausentaram mais de uma vez de suas instituições de ensino pela mesma razão. Por ano, isso representa uma média de 14 milhões de faltas por mulheres estudantes, segundo o estudo.

Outros dados apontam a ausência no trabalho, o preconceito devido ao tema ser tratado como tabu pela sociedade e os altos riscos de problemas de saúde, ocasionados pelos maus hábitos de higiene e uso de materiais inapropriados, como jornais e papeis.

Formas de combater a pobreza menstrual

Um dos fundamentos no Brasil é a dignidade a todo cidadão (artigo 1.º da Constituição Federal Brasileira), que se firma com a garantia dos direitos fundamentais, dentre eles os direitos sociais, que englobam o direito à saúde. Por meio das políticas públicas, esses direitos podem ser atendidos ou pelo menos reduzir muitos dos gargalos existentes. Desta forma é preciso cobrar de governantes os direitos dados à população.

Outro importante tema é ampliar o acesso à informação para erradicar a pobreza menstrual, ou seja, falando cada vez mais sobre o assunto. Quando se fala a respeito do tema, mais pessoas se tornam conscientes do problema que ainda é pouco debatido e menos ele se torna um tabu perante homens e mulheres que desconhecem a situação.

A mudança é feita por todos e apoiar iniciativas para arrecadar e distribuir produtos de higiene pessoal com responsabilidade, por exemplo, podem ser importantes caminhos.

Papel da Neoenergia nessa iniciativa

 

O Programa de Voluntariado da Neoenergia​ fez uma doação de mais de 150 mil absorventes ​destinados a 15 instituições de sete cidades onde a companhia atua – Brasília (DF), Campinas (SP), Natal (RN), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), além de Salvador e Vitória da Conquista (BA). A iniciativa contribui com a dignidade menstrual das pessoas que serão beneficiadas e está alinhada ao compromisso da empresa com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)​, especialmente o de número 3, relacionado à promoção de saúde e bem-estar, e o 5, sobre igualdade de gênero.

A arrecadação dos absorventes aconteceu durante o mês de março, quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Em Salvador, área de atuação da Neoenergia Coelba (BA)​, 78,4 mil produtos serão destinados às instituições Associação Plenitude do Amor (APA), Associação Cultural Malcolm X, Projeto Social Abelhas, Coletivo Mulher por Mulher - Mãos Acolhedoras e ONG Direito de Viver. Colaboradores da distribuidora doaram mais 4,5 mil absorventes que serão entregues à ONG Acolher e à ONG Cheios de Amor, ambas de Vitória da Conquista.

Foram arrecadados 16,1 mil absorventes pelos voluntários da Neoenergia Pernambuco, que vão beneficiar crianças e adolescentes em situação de rua atendidos​ pela Jocum Marco Zero, no Recife. Colaboradores da Neoenergia Cosern (RN)​ doaram mais de 20,7 mil produtos para as organizações Missões Kerigma e Instituto Vida Videira.

O Projeto Filhos Campinas, na cidade onde está localizada a sede da Neoenergia Elektro (SP), receberá cerca de 12,3 mil absorventes arrecadados pelos colaboradores da empresa. Voluntários da Ne​oenergia Brasília doaram aproximadamente 16,6 mil produtos, que serão entregues ao Projeto Cor do Amor, ao Instituto de Mulheres Maria Bonita e à organização Alma Lavada Brasília. Além disso, no Rio de Janeiro, onde fica a sede da companhia, 6,1 mil absorventes serão doados à Associação Mulheres de Atitude e Compromisso Social (AMAC).​


 


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