Com o objetivo
de construir ideias conjuntas, a Neoenergia, o Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) e a Universidad Politécnica de Madrid
(UPM) realizaram um debate online centrado no potencial de geração fotovoltaica
e demanda energética no Brasil e no mundo. O evento trouxe as projeções de
resíduos gerados a partir dos sistemas fotovoltaicos em território nacional e
um aprofundamento sobre o tema que vem ganhando cada vez mais relevância.
A preocupação
sobre a destinação dos resíduos originados em torno do desenvolvimento desses
projetos está em pauta em todo o mundo. Entre 2017 e 2019, o Brasil passou da
26ª para a 16ª posição no ranking mundial de perspectiva de geração de energia
fotovoltaica. “Estamos vendo o crescimento do uso de painéis fotovoltaicos
no Brasil e essa tendência deve se manter. Por isso, precisamos discutir desde
agora sobre a destinação final desses painéis. O projeto também torna oportuno
o debate sobre o destino dos painéis que ficam obsoletos, visto que também
poderão ser considerados resíduos se nenhuma outra destinação for pensada para
eles”, comenta Adriana Nascentes, especialista da Neoenergia.
Essa frente de
atuação em Energia Sociocircular tem como diretriz os destinos e os usos de
resíduos de equipamentos de energia renovável, especialmente placas de energia
solar, como reaproveitá-los e como integrar a sociedade e gerar benefícios
socioeconômicos adicionais com essa tecnologia. “China, EUA e Japão são os
principais países na geração fotovoltaica. O Brasil vem apresentando grande
crescimento e a estruturação de um mercado novo depende de infraestrutura,
investimento e robustez dos parceiros. Queremos discutir e mostrar que a
operação das placas solares ajuda na redução da emissão de gases nocivos em
toda a cadeia produtiva de energia. Para isso, precisamos estruturar bons
processos de reciclagem e reuso que certamente serão um grande fator para
tornar a energia solar cada vez mais sustentável”, destaca Isabel
Ferreira, diretora de Gestão e Projetos do IABS.
O debate
trouxe, ainda, resultados das diferentes pesquisas relacionadas aos diferentes
agentes envolvidas no conceito de Energia Sociocircular – pública, privada,
terceiro setor, universidades e centros de pesquisa. Na esfera pública, foi
constatada a preocupação da construção de um cenário completo, com leis e
acompanhamento de fiscalização, construção de novas políticas e constante
diálogo com o mercado. No setor privado, também há o consentimento da
conjuntura de atores e a necessidade de novo marco regulatório que envolva
placas fotovoltaica em nível industrial. No terceiro setor, o principal ponto
observado foi a necessidade de foco na comunidade, na questão da circularidade.
A proposição de políticas públicas, projetos que envolvam a sociedade nas
diversas fases dentro da operação de usina solar, algo que também envolve
tecnologias e novos desenhos de placas solares mais sustentáveis.
Modelos conceituais
O evento
online também teve como ponto de debate modelos conceituais que criassem valor
com o fim do ciclo de vida e obsolescência dos painéis fotovoltaicos. O aumento
de resíduos desses painéis se coloca como um desafio ambiental, mas também gera
oportunidades para novos ciclos econômicos por meio da Socioeconomia Circular.
Como ponto focal dessa discussão, foi debatida a criação de modelos que
possibilitem oportunidades para a redução, reuso e reciclagem, além de gerar
benefícios socioeconômicos para comunidades, com ampliação da vida útil e
desenvolvimento de novos negócios. “Como podemos entender que o ciclo do
negócio vai além do produto final? Se a gente conseguisse usar o conceito de
economia circular, temos um programa social, temos um negócio. O foco é juntar
tecnologia, inovação e redução da desigualdade, visando sustentabilidade”,
disse Luís Tadeu Assad, diretor-presidente do IABS.
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