Já se perguntou como a energia elétrica sai de
usinas hidrelétricas, parques eólicos e outros lugares para chegar até as grandes
cidades? Uma parte importante desse longo caminho dentro do sistema elétrico é
a transmissão. Nele, a energia é levada em alta tensão por cabos sustentados
por torres, aquelas que costumamos ver pela estrada quando viajamos, por
exemplo. E, quando o trajeto cruza um rio de grande extensão, é necessário
executar uma complexa obra para montá-la dentro da água. Foi o que a Neoenergia
fez no Mato Grosso do Sul, onde construiu uma linha que corta o Rio Paraná.
Para isso, precisou içar uma torre de mais de 80 metros de altura, que pesa 65
toneladas.
A montagem foi iniciada em junho e levou
aproximadamente um mês, enquanto para uma torre no solo, esse trabalho dura
cerca de uma semana. Isso porque, dentro da água, é necessário erguer parte por
parte da estrutura. “Montamos a torre por etapas. É um desafio muito grande
erguer uma estrutura metálica de 80 metros com os ventos fortes de uma região
aberta como é o caso do rio. Mas conseguimos garantir a segurança da equipe e
concluir as obras com o uso de balsas, guindaste, guinchos e outros
equipamentos”, afirma Gilberto Srmukznc, gerente de Implantação de Projetos
de Transmissão da Neoenergia.
MONTAGEM DA TORRE
Para a montagem da torre no rio, ao contrário
do que acontece quando ela fica no solo e é erguida em grandes partes
pré-montadas, foi necessário o içamento aos poucos das pequenas partes da
estrutura metálica. “Tudo foi feito em embarcações, desde o transporte das
equipes, que ficaram hospedadas a cerca de dois quilômetros da margem do rio,
até as partes da torre”, afirma Evandro Luiz Santos, engenheiro da
Neoenergia que atua em campo na construção da linha de transmissão. A
distância de uma margem até a outra do Rio Paraná é de cerca de 2,5 quilômetros
e a torre fica no meio, a aproximadamente 1,6 quilômetro de uma das margens.
Trabalhavam na montagem da torre cerca de 40 pessoas, levadas de barco,
diariamente, até as balsas.
Nas obras, foram usadas duas balsas de 30
metros de comprimento e nove metros de largura, que ficavam ancoradas, além de
um rebocador. Antes da etapa de montagem das torres, foram feitas as fundações
em uma técnica chamada de estaca raiz. Executada por meio de uma perfuração
rotativa até atingir o leito rochoso, o espaço é revestido totalmente por
camisas metálicas onde é injetada a argamassa e aço armado. A etapa de
construção dessas fundações teve duração de quatro meses.
A estrutura metálica da torre, que pesa 65
toneladas, foi montada em seguida. “Para erguer as peças maiores, que ficam
na parte de baixo, um guindaste foi usado até uma altura de 50 metros. A partir
daí, guinchos acoplados em tratores ancorados nas balsas, em um sistema de
polias e roldanas levaram as partes menores até o topo”, diz Augusto
Gonçalves, engenheiro da Neoenergia, responsável em campo pela obra. Por
último, veio o lançamento dos cabos que conduzem a energia, o que levou cerca
de duas semanas, pela complexidade maior envolvida na travessia sobre a água.
LINHA DE TRANSMISSÃO
Ao todo, a linha de transmissão da Neoenergia
tem 327 torres, incluindo a que foi montada dentro do Rio Paraná, com 147
quilômetros de extensão, ela vai de Rosana, em São Paulo, até Rio Brilhante, no
Mato Grosso do Sul. A torre que fica dentro do rio mede praticamente o dobro
das demais no mesmo trecho, que têm uma média de 40 metros de altura. O tamanho
da estrutura é definido pelos engenheiros do projeto de acordo com questões
como a distância entre elas e o peso dos cabos. Também no Mato Grosso do Sul, a
empresa ainda montará uma segunda torre completamente dentro do rio.
A construção de linhas de transmissão está no
cerne do desenvolvimento do sistema elétrico no Brasil. É a expansão do sistema
que dá mais segurança e confiabilidade ao fornecimento de energia em várias
regiões. Além disso, garante a ligação entre os consumidores e os novos
sistemas de geração de diversas fontes, como parques eólicos e usinas
hidrelétricas em implantação.
Esse empreendimento da Neoenergia, no Mato
Grosso do Sul, faz parte do lote 4 do leilão 005/2016, realizado pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em abril de 2017 para viabilizar novos
projetos para a área. As linhas somam 611 quilômetros de extensão, transmitindo
energia em 230 kV de tensão.