Medidores de energia e sensores de redes inteligentes, além do uso de analytics, já fazem parte das tecnologias adotadas pela Neoenergia,
em uma tendência que deve crescer nos próximos anos no setor elétrico.
Contribuindo mais uma vez para a inovação, a companhia criou o
concentrador Multilink para conectar esses equipamentos. Uma das
vantagens é que essa é uma solução interoperável, ou seja, compatível
com equipamentos de fabricantes diferentes. O projeto adota um padrão
aberto para comunicação por redes de radiofrequência mesh Wi-SUN. A
iniciativa faz parte do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D), regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“A
Neoenergia é pioneira no desenvolvimento dessa tecnologia, que
contribui com nossa estratégia de digitalização para os clientes usando
padrões abertos e interoperáveis. O resultado são investimentos
otimizados em infraestrutura de medição e automação, que permitirão a
melhoria da qualidade do fornecimento e da gestão do consumo pelos
clientes", afirma o gerente de Projetos Estratégicos em Tecnologia, José
Luiz de França Neto.
O QUE É O MULTILINK
O
concentrador Multilink serve como um elo entre equipamentos em campo e
os centros de operação e datacenters. Para isso, agregará dados dos
chamados end devices, que são sensores e medidores inteligentes, além de
medidores de balanço e equipamentos de Sistema de Medição Centralizada
(SMC). Essas informações são criptografadas e enviadas, em seguida, para
os sistemas de medição e operação das empresas. Com isso, é possível
fazer desde a leitura remota do consumo de energia dos clientes até a
análise em tempo real da rede elétrica para a melhoria do fornecimento.
O
Multilink receberá dados através de um gateway, produto também
desenvolvido no projeto, e de end devices desenvolvidos por fabricantes
que adotam o padrão Wi-SUN.
Para transmitir as informações para
os sistemas das distribuidoras, o Multilink poderá usar múltiplos canais
de comunicação, incluindo redes celulares 4G/LTE, WiMAX, satélite e
rádio digital na frequência de 2,4GHz com modulação OFDM (orthogonal
frequency-division multiplexing), que torna o sinal transmitido mais
resiliente a interferências. O Multilink também possui portas de
expansão, para conexão com outros meios de comunicação já existentes ou
que possam vir a surgir no futuro.
O projeto foi iniciado pela
Neoenergia em 2018, com duração de três anos. A solução foi testada na
cidade de Salvador (BA), com sensores inteligentes, criados também no
âmbito do P&D da Neoenergia. “Já temos resultados bastante
promissores do concentrador Multilink, do ponto de vista da
interoperabilidade e da utilização de diferentes canais de comunicação.
Esse equipamento faz parte de um projeto estratégico estruturante
denominado “Desenvolvimento de Tecnologia Nacional para Redes Elétricas
Inteligentes", que tem como objetivo principal o desenvolvimento de
tecnologias brasileiras que contribuam para a redução das perdas,
melhoria da qualidade e da segurança da rede", diz o gerente de Pesquisa
e Desenvolvimento da Neoenenergia, José Antonio Brito.
O
desenvolvimento da tecnologia de comunicação é realizado em parceria com
a Tecsys e o Lactec, que são membros da Wi-SUN Alliance, consórcio
internacional para certificar e proliferar soluções na área. O padrão é
baseado no IEEE 802.15.4g, adotado em aplicações de redes inteligentes,
cidades inteligentes e Internet das Coisas (IoT), que demandam
flexibilidade e robustez da rede de campo, agora suportadas pela nova
tecnologia Multilink.
PROTOCOLO DLMS NACIONAL
Em
busca de mais soluções interoperáveis para medidores inteligentes, a
Neoenergia está contribuindo com o desenvolvimento de uma proposta de
protocolo brasileiro DLMS (Especificação de Mensagem na Linguagem do
Dispositivo, na sigla em inglês), com o objetivo de promover evolução do
padrão nacional definido pela ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas). O projeto também é parte do Programa de P&D da Aneel.
“A
Neoenergia apresentou uma proposta inicial de perfil DLMS, para servir
de base para definição do protocolo nacional. Os objetivos do grupo de
trabalho são de adaptar ao padrão internacional os requisitos
regulatórios do Brasil e promover a interoperabilidade dos medidores
inteligentes, estimulando o seu uso no país", explica Débora Catão,
engenheira de Smart Grids da Neoenergia.
A companhia participa de
grupos de trabalho com o Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica,
Iluminação e Telecomunicações (COBEI), integrado por distribuidoras de
energia e fabricantes de equipamentos. Após a conclusão da proposta, ela
deverá ser submetida para consulta pública pela ABNT antes de ser
aprovada. Será construído também um laboratório de certificação de
medidores interoperáveis.
“No projeto Multilink, tivemos a
oportunidade de desenvolver hardware e software Wi-SUN, quando esse
padrão ainda estava em especificação pela aliança mundial. Hoje, ele
opera de forma integrada com equipamentos de fabricantes globais. Com o
desenvolvimento do protocolo DLMS brasileiro, teremos uma cadeia
completa de interoperabilidade com domínio tecnológico nacional. A
implantação do Multilink e dos laboratórios de certificação garantirão a
continuidade tanto da interoperabilidade quanto do conhecimento
tecnológico", afirma o pesquisador sênior e coordenador do projeto pelo
Lactec, Rodrigo Jardim Riella.
