Embarcação
autônoma foi projetada em Portugal, como parte de projeto de P&D
para automatizar monitoramento hidrológico de rios
A Neoenergia
estimula a inovação, gerando benefícios para o setor elétrico. A
companhia desenvolveu uma embarcação autônoma para fazer a medição de
descargas sólidas em suspensão em reservatórios de hidrelétricas. A
necessidade de obtenção desses dados é cada vez mais importante devido
às questões de erosão e transporte de sedimentos em rios. Com isso, será
possível dar maior precisão e segurança à coleta de amostras de
sedimentos, que hoje é feita de forma manual em todo o mundo. O projeto
faz parte do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), regulado
pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O
barco foi desenvolvido para complementar os estudos realizados com
dados obtidos de outro veículo autônomo, dedicado à medição de descarga
líquida. Essas pesquisas são realizadas pela Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF), em parceria com o Instituto de Engenharia de
Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e a
Universidade do Porto, de Portugal.
Os
métodos de medição existentes irão depender da característica de cada
rio –velocidade da corrente, concentração de sedimento e porte do curso.
O novo equipamento é capaz de adaptar-se aos diversos rios e foi
desenvolvido para coletar sedimentos integrados ou pontuais na seção,
sendo capaz de realizar coletas de iguais volumes de água na vertical, o
que garante amostras mais exatas.
“O
nosso projeto está rendendo o desenvolvimento de tecnologias de ponta,
beneficiando todo o segmento de geração hidrelétrica com a possibilidade
de análises mais precisas. Essa embarcação revoluciona a forma de fazer
a medição de descargas sólidas e líquidas, algo essencial para conhecer
as condições dos reservatórios”, afirma o superintendente de Operações e Engenharia de Hidráulicas da Neoenergia, José Paulo Werberich.
Esses
equipamentos são ainda mais relevantes no contexto atual de crise
hídrica, pois além de conferir maior confiabilidade nos resultados para
vazões baixas, a automação possibilita realizar o registro independente
da vazão do rio com segurança. Todos os dados ficam registrados no
computador de bordo e podem ser transferidos para o sistema informático
da empresa, o que facilita a análise de desempenho, o arquivamento e a
consulta de dados históricos.
A embarcação já chegou ao Brasil e foi levada à usina hidrelétrica Itapebi
(BA), onde será testada nas medições de campo, que são feitas
trimestralmente, por determinação de resolução conjunta da Aneel e da
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Após os testes, o
barco poderá ser utilizado nos demais ativos de geração hídrica
controlados pela companhia – Baguari (MG), Baixo Iguaçu (PR), Belo Monte (PA), Corumbá (GO), Dardanelos (MT) e Teles Pires (MT/PA).
O
barco tem a sua trajetória programada por georreferenciamento, para
fazer as coletas das amostras nos pontos determinados dos reservatórios.
Nesses locais, é lançado na água um amostrador acoplado ao veículo
autônomo que pode atingir até 20 metros de profundidade, projetado para
se posicionar sempre na mesma linha vertical da seção transversal do rio
em relação à embarcação, dando mais confiabilidade ao trabalho.
Em
seguida, a análise do material captado poderá ser feita de forma
automatizada utilizando um microscópio desenvolvido no mesmo projeto de
P&D. Esse trabalho de análise granulométrica – ou seja, de verificar
a dimensão das partículas em suspensão – permite a avaliação das
condições do reservatório, como assoreamento.
O
projeto de P&D que levou ao desenvolvimento da embarcação e do
microscópio foi iniciado em 2017. Além desse equipamento, foram criadas
outras tecnologias, como o barco desenvolvido para fazer a medição da
vazão e da qualidade da água. Além disso, foi possível a nacionalização
de uma tecnologia de georreferenciamento com um custo cerca de dez vezes
menor do que o de mercado.
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