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Mário Ruiz-Tagle: o modelo de sucesso de uma companhia inclui um plano de sucessão bem estruturado

17/06/22

Relatório Integrado 2021 - O documento está disponível e apresenta as principais realizações financeiras e não financeiras do ano, com ações estratégicas e de desenvolvimento dos negócios da companhia. Por Mario Ruiz-Tagle*

Para planejar, estruturar e pôr em prática um projeto, seja ele qual for, é necessário impor um período limitado a sua existência, com finalização certa. Quando falamos de um modelo de gestão eficiente, conhecer as expectativas e saber enxergar quando é a hora da mudança, acredito que são grandes atributos de um plano de sucessão bem estruturado. Nem sempre o término de um trabalho é definido desde o princípio. Muitas vezes, as oportunidades se criam, se conquistam e o tempo se delimita na conclusão de um dever cumprido.

Em minha trajetória de aproximadamente cinco anos como CEO da Neoenergia, afirmo que essa experiência é transformadora para qualquer gestor. Liderar uma companhia global, com quadro de funcionários acima de 15 mil, não é uma tarefa fácil. As mudanças vão além do crescimento profissional e minha visão como ser humano se divide em antes e depois desse período.

Não há história que não possa ser contada por um gestor, já que, durante esse posto, os acontecimentos são infinitos. Toda companhia se faz a partir de pessoas e formar bons líderes é fundamental para que haja crescimento, desenvolvimento e sucesso. Posso exemplificar pela Neoenergia, onde a construção da empresa se fez pelo novo posicionamento e reconhecimento que garantimos ao longo desse intenso trabalho desempenhado. Em 2017, iniciamos nossa estratégia para abertura de capital com o IPO (Initial Public Offering). Fracassamos, mas não desistimos e tiramos muitas lições dessa tentativa. O ano de 2018 foi quando arrumamos a casa e começamos a construção de uma história de crescimento e criação de valor. Garantimos a conquista em 2019, quando finalmente alcançamos as exigências e reputação esperados para uma empresa de capital aberto.

Pouco depois veio a pandemia, ocasionada pelo então novo coronavírus, que parou o mundo. Nesse momento, vimos como a energia elétrica se fez ainda mais essencial, quando todos ficaram em suas casas e, mesmo assim, muitas das nossas atividades mantiveram-se em curso. Foi também a maior crise econômica e sanitária sem precedentes, na qual nunca esqueceremos. Muitas empresas só puderam superar se reinventando de alguma forma. Em um curto período, migramos 15 mil colaboradores para o home office e investimos fortemente em ações de segurança, engajamento, trazendo o cuidado com as pessoas para o cerne de nossa gestão. Foi desafiador, mas trouxe profundos aprendizados a todos e reforçou a importância da visão humana no mundo corporativo. Companhias que não enxergaram pessoas além de resultados, perceberam que não há máquina que funcione sem um bom operador.

Em situações de tanta incerteza foi fundamental preparar um plano de sucessão, precisamos construir uma governança estruturada de pessoas capacitadas e alinhadas aos objetivos da companhia. O caminho é único, independentemente de quem o direciona e ter clareza de onde queremos chegar e dos desafios que encontraremos é fundamental para prepararmos os futuros líderes. As mudanças são saudáveis e, se elas não acontecem, perdemos o encanto. Precisamos sempre mudar, mas dentro dos objetivos propostos. O sucessor traz o pilar principal da estrutura, mas com novas ramificações e, desta forma, a companhia se mantém sólida e em constante ascensão.

O momento ideal para a conclusão dessa missão, acredito que seja olhar para trás e ter a sensação de dever cumprido. Sentir orgulho e satisfação da história escrita com a ajuda de muitos colaboradores, que tornaram tudo possível. Em meu novo desafio, levo na bagagem os aprendizados adquiridos no Brasil, que serão fundamentais para a realidade europeia. Um CEO nada mais é do que a soma de suas experiências e de cada colaborador que, de forma conjunta, traça o sucesso dessa jornada.

Ser um líder, a meu ver, está nesses detalhes que inspiram e direcionam profissionais a um objetivo comum. Em minha vida, carrego muitas inspirações e espero ainda poder inspirar muitas pessoas. Sigo para meu novo desafio, como gás de principiante e muito orgulhoso do que construí ao lado de todos da Neoenergia, pois acredito que esse convite seja fruto dos resultados alcançados. Reforço ainda: não tenham medo de um bom sucessor, ele será indispensável para essa trajetória e as novidades que virão. Um bom sucessor garante a possibilidade de ir e traz novas oportunidades. Uma empresa com uma boa sucessão garante sua continuidade.

*Artigo escrito por Mario Ruiz-Tagle, CEO da Neoenergia

 

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