Painel com letreiro da COP 30, em Belém (PA). Foto: Antônio Scorza/COP30

Desenvolvimento Sustentável no Brasil: Aprendendo com os Territórios

12.11.25 07:53

O desenvolvimento sustentável no Brasil passa, necessariamente, pelo reconhecimento das pessoas e dos territórios que cuidam da vida em todas as suas formas. Em um momento de debate global sobre o futuro do planeta, com a COP 30, é importante lembrar que soluções transformadoras já existem, e muitas delas nascem da união entre saberes tradicionais, ciência e participação comunitária

Caminhos tradicionais, liderados por nações que assumem compromissos e metas pela preservação da Terra, são as iniciativas mais conhecidas, como os fóruns mundiais. Mas nem sempre fica tão claro o que esses eventos propõem e a importância deles.  

 
Líderes em reunião na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas COP 30. Foto: Paulo Mumia/COP30.

 

 

O que é a COP 30 e por que ela acontece no Brasil? 

A COP (Conferência das Partes) é um encontro anual organizado pela ONU onde governos, organizações, comunidades tradicionais, cientistas e empresas se reúnem para decidir caminhos possíveis diante da crise climática. Em 2025, chegaremos à COP 30, que acontece em Belém (PA) — no coração da Amazônia. 

Isso não é apenas simbólico: É um convite para que o mundo olhe para a floresta de pé e para os povos que a preservam há séculos. 
É a afirmação de que a Amazônia não é “o futuro”: ela é o presente vivo que garante futuro

 

Por que a COP é importante para a nossa vida? 

Porque as decisões tomadas nesse espaço influenciam temas que atravessam o nosso cotidiano, como: 

  • preço dos alimentos;

  • qualidade da água;

  • ondas de calor e sensação térmica na cidade;

  • enchentes, secas e deslizamentos;

  • acesso à energia;

  • pesca, agricultura, turismo e trabalho.

Ou seja: falamos de clima, mas também falamos de vida

 

Como as mudanças climáticas já afetam nosso dia a dia 

No Brasil, estamos sentindo na pele: 

  • chuvas mais intensas em períodos curtos resultam em enchentes e desastres urbanos;

  • ondas de calor e seca prolongada provocam aumento no preço dos alimentos e crises hídricas;

  • aquecimento dos oceanos ocasionam morte de corais, redução de peixes e impacto em comunidades costeiras.

Essas mudanças tornam algumas regiões mais vulneráveis, principalmente onde há menos infraestrutura e acesso a direitos

A COP 30 é um importante instrumento de proteção e manutenção do meio ambiente. Mas também há outros caminhos sendo construídos — silenciosos, cotidianos, potentes — que mostram que é possível regenerar, proteger e florescer. Basta olhar de perto. 

 

Cuidar é resistência e, acima tudo, é futuro. 

Quando falamos de sustentabilidade, não falamos apenas de natureza: falamos de relações. Falamos de como as pessoas se organizam para proteger rios, mares, florestas, culturas e histórias que sustentam a vida. 

No Brasil, essa conexão entre cuidado, ancestralidade, território e coletividade se materializa em diversas iniciativas que não esperam por soluções externas, mas que constroem seus próprios caminhos — muitas vezes, com poucos recursos, mas com muita sabedoria. 

São projetos que mostram que o futuro não será criado apenas em grandes acordos internacionais — ele está sendo construído todos os dias por mãos que plantam, pescam, educam, acolhem, preservam e compartilharem conhecimento. 

 
Integrantes do Observatório das Baixadas ensinam jovens do Projeto Kindezi a utilizar o Atlas das Baixa. Foto: Aterrar Produções

 

Quatro caminhos que mostram que é possível fazer diferente 

 Alunos de escola pernambucana na Semana do Meio Ambiente em atividade do Coralizar. Foto: Biofábrica de Corais.
 

Coralizar: recuperar a vida onde ela parecia perdida 

O projeto Coralizar (PE) trabalha com inovação e tecnologia para restaurar recifes de corais, ecossistemas essenciais para a vida marinha, alimentação, cultura e renda de diversas comunidades costeiras. Ao regenerar corais, também se repara o vínculo entre pessoas e mar — um vínculo ancestral que fala de cuidado, sustento e respeito. 

 

 Aves limícolas na Bacia Potiguar. Foto: SAVE Brasil.
 

Flyways Brasil: proteger quem atravessa fronteiras sem passaporte 

As aves migratórias conectam continentes, oceanos e culturas. Há 10 anos, o Flyways Brasil (RN) atua na conservação desses trajetos essenciais, envolvendo comunidades locais e pesquisadores para que essas aves encontrem abrigo seguro em suas longas viagens. É uma rede de cooperação internacional que começa no cuidado de quem observa o céu e prova que os projetos de longo prazo culminam em mudanças reais não apenas na cultura, mas nas políticas públicas. 

 

 
Integrantes do Observatório das Baixadas em oficina para capacitar jovens do Projeto Kindezi. Foto: Aterrar Produções.

 

Observatório das Baixadas: fortalecer territórios que já são potência 

As Baixadas são territórios pulsantes, de memória, cultura e coletividade. O Observatório das Baixadas (PA) trabalha para reconhecer, valorizar e fortalecer iniciativas locais, criando espaços de voz para lideranças, artistas, educadores e moradores. Sustentabilidade também é pertencimento. 

 

Kindezi: educar é um ato de proteção ao futuro 

Inspirado em filosofias africanas de cuidado comunitário, o Kindezi (BA) desenvolve ações de educação antirracista e ancestral, em que crianças e jovens aprendem em círculo, olhando uns para os outros. Aqui, sustentabilidade significa cultivar vínculos, porque não existe futuro sem comunidade. 

 

O que aprendemos quando olhamos para esses projetos 

Aprendemos que: 

  • a natureza não se recupera sozinha — mas responde quando cuidamos dela; 

  • comunidades sabem como proteger seus territórios, porque vivem deles; 

  • sustentabilidade não é um tema distante — é cotidiano, é relação, é vida compartilhada. 

O desenvolvimento sustentável no Brasil não é uma promessa — é um caminho já em curso, e que merece e precisa ser potencializado ao máximo. 

 

Se queremos um futuro sustentável, precisamos ouvir quem já está construindo esse futuro agora. As soluções existem. A esperança existe. A vida insiste. 

E cuidar é sempre um ato possível. 

Para conhecer e apoiar projetos como esses, visite: 
 

 Referências 

  • Observatório das Baixadas – Documentos públicos de apresentação institucional (2023–2025).