
Conectar Cultural discute desafios e oportunidades para fazedores culturais do Recôncavo da Bahia
Projeto apoiado pelo Instituto Neoenergia promoveu evento de lançamento em Cachoeira (BA). Encontro com fazedores de cultura aponta que ampliação de sede, novos equipamentos e reforma de indumentárias estão entre destinações possíveis do recurso que será viabilizado pela chamada pública
Com a intenção de aproximar os fazedores de cultura do Recôncavo da Bahia da proposta do Conectar Cultural, foi realizado, no dia 9 de maio, o lançamento oficial da chamada pública na cidade de Cachoeira. Com inscrições abertas desde a última segunda-feira (5/5) e realizada com apoio do Instituto Neoenergia, a iniciativa promoverá, ao todo, seis encontros em cidades da região, a fim de engajar seu público e oferecer informações valiosas que o tornem protagonistas no uso de mecanismos de fomento à cultura.
O valor de R$500 mil é o total que será destinado pelo Conectar Cultural para cinco manifestações culturais do Recôncavo da Bahia, sendo R$100 mil para cada uma delas, recurso a ser usado para necessidades específicas dos grupos contemplados. A ideia de cada encontro é apoiar os participantes no preenchimento do formulário de inscrição e apresentação dos seus planos de trabalho para concorrer ao investimento.
“O objetivo é impulsionar a valorização da cultura local. Nosso apoio reforça a importância do investimento social privado para ajudar a transformar a realidade dessas localidades por meio da arte e cultura”, afirma Renata Chagas, diretora-presidente do Instituto Neoenergia.
“O Conectar quer chegar na ponta. A ideia é que a gente consiga ter uma proximidade muito grande com aqueles que executam as atividades, os próprios realizadores, mestres e mestras, evitando a intermediação de agências mais estruturadas, que acabam administrando os recursos e ficando com parte deles. A proposta é oferecer o recurso via premiação diretamente para a pessoa, o coletivo, o grupo, criando uma via rápida de acesso”, destacou o idealizador do Conectar Cultural, Thiago Kling.
Da indumentária à nova sede - A gestora do Conectar Cultural na Bahia, Neusa Martins, reforça que a verba de R$100 mil poderá ser usada de forma autônoma pelos vencedores de acordo com suas realidades e prioridades. “Iremos prestar um acompanhamento de seis meses da aplicação do recurso, respeitando a singularidade de cada iniciativa e valorizando soluções que impulsionam o fortalecimento e a continuidade dessas expressões culturais locais”, comenta.
Entre as aplicações possíveis, estão a manutenção ou reforma de espaços culturais e sedes de associações, aquisição de equipamentos (como caixas de som, máquinas de costura ou instrumentos musicais), confecção ou recuperação de indumentárias, logística de apresentações (transporte, alimentação e seguro para os integrantes), atividades formativas e oficinas de transmissão de saberes e fazeres tradicionais, contratação de profissionais como contador ou assessor jurídico para regularização documental e organização estrutural de registro da manifestação, entre outras.
Confiança no que vem a seguir - “Percebo que esse projeto chega com um desejo real de aproximação. Ele faz o fazedor cultural se sentir próximo do conteúdo, do processo, do reconhecimento pelo que de fato o Recôncavo tem produzido. É uma iniciativa que acolhe e dá direção. Vim para tirar dúvidas, entender em que modalidade me encaixo, mas também para compartilhar experiências com outros fazedores culturais da região. Só de estar aqui, nesse espaço de troca e orientação, já me sinto mais fortalecida e contemplada”, comenta Paula Linhas, escritora de literatura decolonial e patrimonial para infâncias.
A representante do grupo de samba de roda Esmola Cantada de Cachoeira, Telma de Souza, conta que a conservação da manifestação cultural é uma preocupação sempre presente. “Fiquei bem feliz em saber que existe um projeto como o Conectar, que dá a possibilidade de ensinar aos produtores culturais, muitos dos quais não têm conhecimento ou estudo formal, como fazer e montar um projeto. Essa é uma grande dificuldade para os grupos, que querem continuar, mas não sabem por onde começar”, argumenta.
Any Manuela Freitas, sambadeira do Grupo de samba de roda de Dona Dalva, reconhece as dificuldades de manutenção das atividades que mantêm a cultura viva. “A gente está na região do Recôncavo, que tem muitas manifestações culturais, muitas expressões, e essas expressões são para além do momento. São promovidas diariamente, fazem parte da vida das pessoas. Então, manter uma manifestação cultural passa por muitos obstáculos, por muitas dificuldades. Vejo o Conectar Cultural como uma possibilidade de fomento a essas atividades, uma expectativa positiva. Que seja o primeiro de muitos passos”.
O Conectar Cultural é apresentado pelo Ministério da Cultura e Instituto Neoenergia, com realização do Instituto São Paulo de Arte e Cultura e patrocínio da Neoenergia Coelba, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A iniciativa conta com apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia - SECULT, por meio da FUNCEB, IPAC e CCPI, Superintendência do IPHAN na Bahia, UFBA, UFRB, UNEB, Fundação Hansen Bahia e Instituto Popular do Recôncavo.
Agenda de encontros de mediação:
• Santo Antônio de Jesus – 15 e 16 de maio
• Cruz das Almas – 22 e 23 de maio
• Saubara – 29 e 30 de maio
• Maragogipe – 5 e 6 de junho
• São Francisco do Conde – 12 e 13 de junho
Participe do Conectar Cultural 2025
Inscrições abertas até 3 de julho
Saiba mais: www.conectarcultural.com.br/inscricoes